A relação entre quem usa droga e fica sem dente é alarmante: estudos mostram que 97,3% dos usuários de drogas apresentam cáries, e apenas 23% mantêm todos os dentes naturais.
De fato, o impacto das substâncias na saúde bucal é tão severo que a média de dentes comprometidos (cariados, perdidos ou obturados) chega a 16,2 por pessoa.
Além disso, os problemas dentários variam conforme o tipo de droga utilizada. As pesquisas indicam que o álcool é a substância mais consumida (92% dos casos), seguida pelo tabaco (70,95%), maconha (65,2%), cocaína (53,3%) e crack (50%).
Cada uma dessas drogas afeta a saúde bucal de maneira específica, causando desde xerostomia até necrose da mucosa oral.
É assustador saber dessas informações, mas será que os usuários têm essa noção? Por isso, se você quer saber mais sobre os problemas bucais que usuários de múltiplas drogas podem desenvolver ao longo do uso, você está na matéria certa!
Aqui, vamos explicar como diferentes drogas afetam a saúde bucal, os sinais de destruição dentária, os problemas mais comuns e, principalmente, como prevenir a perda dos dentes.
Por isso, continue a leitura e fique bem informado! ❤️🦷
Como as drogas afetam a saúde bucal
O impacto das drogas na saúde bucal manifesta-se de maneira complexa e multifacetada, afetando diversos aspectos da cavidade oral.
A ação dessas substâncias provoca alterações significativas que podem resultar em danos permanentes e, algumas das vezes, irreversíveis!
Efeitos diretos na estrutura dos dentes
As drogas atacam diretamente o esmalte dentário, causando erosão e desmineralização.
A cocaína, por exemplo, quando esfregada nas gengivas, forma uma solução ácida que destrói o tecido duro da superfície dos dentes .
Além disso, o crack, ao ser fumado, expõe os dentes a temperaturas elevadas e substâncias corrosivas, provocando desgaste severo do esmalte, criando muitas das vezes manchas amareladas .
Impacto nas gengivas e mucosa
As substâncias psicoativas afetam significativamente os tecidos moles da boca. Voltando ao crack, seu uso prolongado pode causar necrose da gengiva e da mucosa oral, além de retração gengival severa .
Já a cocaína, devido seu efeito vasoconstritor, pode provocar necrose do assoalho respiratório e perfurações no palato .
Os usuários crônicos podem desenvolver gengivite ulceronecrosante e periodontite avançada .
Assim, essa irritação constante da mucosa bucal pode resultar em:
- Descamação gengival;
- Laceração dos tecidos;
- Queimaduras na mucosa;
- Inflamação crônica.
Alterações no fluxo salivar
Uma das consequências mais significativas é a redução do fluxo salivar, conhecida como xerostomia.
Estudos mostram que usuários de drogas apresentam uma diminuição considerável na produção de saliva, afetando sua capacidade tampão e proteção natural contra bactérias.
Dessa forma, a xerostomia compromete severamente a saúde bucal, pois a saliva desempenha papel crucial na proteção contra cáries e doenças periodontais .
Portanto, sua redução aumenta significativamente o risco de infecções, dificuldades na deglutição e halitose (mau hálito🤮).
O fluxo salivar reduzido, associado ao uso de drogas como maconha e anfetaminas, cria um ambiente propício para o desenvolvimento de cáries e infecções por fungos.
Além do mais, a diminuição da saliva, combinada com outros fatores como má higiene e consumo frequente de açúcares, acelera o processo de deterioração dentária.
Danos causados por diferentes tipos de drogas
Cada substância psicoativa deixa marcas distintas na saúde bucal, com características e níveis de destruição próprios.
Pesquisas da Scielo mostram que o tempo médio de uso varia significativamente: por exemplo, o álcool por 19,4 anos, tabaco por 18 anos, maconha por 13,7 anos, cocaína por 8,5 anos e crack por 11,1 anos .
Efeitos da cocaína e crack
A cocaína, extraída da planta Erythroxylon coca, apresenta efeitos devastadores na cavidade oral.
Quando aspirada, seus efeitos vasoconstritores provocam necrose e perfuração do septo nasal.
No caso do abuso de crack, derivado da cocaína, os danos são ainda mais severos, causando:
- Necrose da gengiva e mucosa oral;
- Retração gengival extrema;
- Queimaduras nos lábios;
- Destruição óssea.
Como citamos anteriormente, o efeito vasoconstritor da cocaína produz irritação da mucosa do palato, podendo evoluir para perfuração nasal e destruição dos ossos maxilares .
Ao mesmo tempo, os usuários também desenvolvem gengivite ulcerativa necrosante aguda e periodontite avançada chamadas lesões orofaciais.
Consequências da maconha
A Cannabis sativa, segunda droga mais consumida mundialmente, provoca alterações significativas na saúde bucal.
Entre as principais manifestações e lesões, destacam-se:
- Cárie dentária e doenças periodontais;
- Estomatite canábica;
- Xerostomia (boca seca);
- Candidose.
Particularmente preocupante é o potencial cancerígeno da fumaça da maconha, que pode lesionar o epitélio da mucosa oral, aumentando o risco de leucoplasia e eritroplasia, especialmente quando combinada com o uso do cigarro.
Impacto do álcool e cigarro
O álcool, sendo a droga mais consumida socialmente, apresenta efeitos deletérios tanto para a saúde sistêmica quanto bucal.
A Dental Health Foundation da Irlanda indica que pacientes que consomem álcool possuem risco seis vezes maior de desenvolver câncer de boca.
O cigarro, por sua vez, inibe a produção de saliva e aumenta a temperatura média da boca, criando um ambiente propício para a propagação de bactérias.
A nicotina adere ao esmalte dentário, causando:
- Pigmentação escurecida dos dentes;
- Melanose de fumante nas gengivas;
- Acúmulo de placa bacteriana e tártaro.
Portanto, o uso combinado de álcool e cigarro potencializa os riscos de desenvolvimento de doenças periodontais, cáries e, mais gravemente, câncer de boca, faringe, laringe e esôfago.
Sinais de destruição dentária pelo uso de drogas
A destruição dentária causada pelo uso de drogas segue um padrão progressivo e identificável.
Pesquisas mostram que 97,3% dos usuários apresentam algum grau de deterioração dentária, com uma média alarmante de 16,2 dentes comprometidos por pessoa.
Primeiros sinais de dano
O processo de deterioração dentária começa com o aparecimento de manchas brancas e opacas na superfície dos dentes, sinalizando a desmineralização inicial do esmalte.
Nessa fase, ainda existe possibilidade de reversão do quadro, desde que identificado precocemente.
Com o avanço da desmineralização, as manchas brancas podem escurecer para tons acastanhados ou pretos, seguidos pela formação de pequenas cavidades e fissuras.
Nesse estágio, ainda que o processo possa ser indolor, a deterioração já está em andamento.
Com o tempo, a situação agrava-se quando a destruição atinge a dentina, tecido localizado abaixo do esmalte.
Nesse momento, o usuário começa a experimentar sensibilidade aumentada, principalmente ao consumir alimentos quentes, frios ou doces.
Estágios avançados de deterioração
Nos estágios mais críticos, observam-se os seguintes sinais:
- Cavidades profundas próximas à polpa dentária;
- Dores intensas que não melhoram com analgésicos;
- Inflamação severa das gengivas;
- Formação de abscessos;
- Comprometimento dos tecidos de suporte.
Quando a destruição atinge a polpa dentária, onde se localizam nervos e vasos sanguíneos, as dores tornam-se intensas e constantes.
Nessa fase, além do desconforto significativo, ocorre a disseminação de toxinas no tecido, iniciando um processo inflamatório.
O estágio mais grave caracteriza-se pela formação de abscessos dentários, resultado do acúmulo de bactérias na raiz do dente.
Essa condição pode se tornar crítica, pois além das dores severas, existe o risco de a infecção se espalhar para outras áreas do corpo, podendo evoluir para sepse caso não seja tratada adequadamente.
Portanto, quanto mais prolongado o uso de drogas, maior a probabilidade de perda dentária.
Estudos indicam que usuários com maior tempo de consumo apresentam números significativamente mais elevados de dentes perdidos..
Além disso, a negligência com a higiene bucal, comum entre usuários, acelera esse processo de destruição.
Problemas bucais mais comuns em usuários
Pesquisas recentes revelam um quadro alarmante sobre problemas bucais em usuários de drogas: 75,61% apresentam condição de saúde bucal deficiente , com manifestações que variam desde infecções simples até a perda total dos dentes.
Cáries e infecções
Outro estudo da Scielo sobre a dor dentária, destaca que a prevalência de cárie atinge níveis críticos, chegando a 97,3% dos usuários .
Além disso, o índice CPO-D médio (dentes cariados, perdidos e obturados) alcança 14,72 , número significativamente superior à média da população geral.
Além disso, 48,78% dos usuários relatam halitose persistente .
Um fator agravante é a dor dentária, que afeta 59,3% dos usuários nos últimos seis meses.
No entanto, o uso continuado de substâncias frequentemente mascara essa dor, postergando a busca por tratamento e agravando as condições bucais.
Doenças periodontais
Ao mesmo tempo, as doenças periodontais manifestam-se de forma expressiva, com 51,5% dos usuários apresentando algum grau de comprometimento .
Entre os indicadores mais preocupantes:
- 53,65% apresentam sangramento à sondagem;
- 78,04% desenvolvem cálculo dentário;
- 39,02% manifestam bolsas periodontais.
A progressão dessas doenças varia conforme a faixa etária, atingindo 27,9% dos usuários entre 18-34 anos, aumentando para 76,7% entre 35-44 anos .
Consequentemente, a inflamação gengival moderada torna-se a condição mais prevalente, afetando mais de 89% dos casos.
Perda dentária
A perda dentária representa o estágio final dessa deterioração progressiva. Estudos mostram que apenas 24,39% dos usuários mantêm uma condição de saúde bucal considerada “boa” .
Dessa forma, 48,78% apresentam condição “regular” e 26,83% são classificados com saúde bucal “ruim” .
O cenário agrava-se pela negligência com a higiene bucal: 48,78% dos usuários não fazem uso diário do fio dental.
Portanto, a combinação entre o efeito direto das drogas e a falta de cuidados básicos acelera significativamente o processo de perda dentária.
A severidade desses problemas é potencializada por fatores como dietas ricas em açúcares, desnutrição e falta de acompanhamento odontológico regular.
Além disso, 39,02% dos usuários apresentam lesões na mucosa oral , que podem evoluir para condições mais graves quando não tratadas adequadamente.
Como prevenir a perda dos dentes
A prevenção da perda dentária em usuários de substâncias psicoativas requer uma abordagem abrangente e sistemática.
O Sistema Único de Saúde (SUS), através do Programa Brasil Sorridente, oferece a maior política pública de saúde bucal do mundo, proporcionando acesso gratuito e universal aos cuidados odontológicos .
Cuidados básicos de higiene
A manutenção da saúde bucal começa com práticas diárias fundamentais. Mesmo nos casos em que a pessoa não consegue interromper o uso de substâncias, algumas medidas básicas são essenciais:
- Escovação regular após as refeições;
- Uso diário de fio dental;
- Utilização de enxaguante bucal sem álcool;
- Limpeza da língua com raspador;
- Controle do consumo de açúcares.
Além disso, estudos demonstram que 69,60% dos usuários não utilizam fio dental diariamente.
Portanto, é fundamental enfatizar a importância desse hábito, pois a placa bacteriana e o tártaro podem se formar mesmo com escovação regular.
Tratamentos preventivos
O Programa Brasil Sorridente estabelece diretrizes específicas para prevenção e proteção da saúde bucal.
A política nacional inclui ações como fluoretação das águas, educação em saúde e higiene bucal supervisionada .
A efetividade dessas medidas preventivas depende da continuidade do cuidado.
Já no âmbito da assistência, as diretrizes apontam para ampliação e qualificação da atenção básica, possibilitando acesso a todas as faixas etárias.
Dessa forma, os serviços incluem:
- Avaliações periódicas;
- Aplicação tópica de flúor;
- Raspagem para eliminação de irritantes locais;
- Tratamento de lesões iniciais.
Acompanhamento odontológico
O monitoramento profissional regular constitui elemento crucial na prevenção da perda dentária.
Além do mais, especialistas sempre recomendam consultas a cada 4-6 meses para garantir o cuidado adequado.
Durante essas visitas, o dentista pode identificar problemas em estágio inicial, quando o tratamento é mais efetivo.
A Política Nacional de Saúde Bucal estabelece uma rede assistencial que articula três níveis de atenção . Assim, o acompanhamento inclui:
- Diagnóstico precoce de lesões;
- Avaliação do fluxo salivar;
- Monitoramento da saúde periodontal;
- Identificação de sinais de erosão dentária.
Consequentemente, o atendimento odontológico regular permite a detecção precoce de problemas como cáries, doenças periodontais e lesões na mucosa oral.
No entanto, apenas 24,39% dos usuários mantêm uma condição de saúde bucal considerada “boa”, evidenciando a necessidade de maior adesão aos programas de prevenção.
Ao mesmo tempo, a efetivação das ações preventivas depende fundamentalmente de uma política de educação permanente, capaz de produzir profissionais com habilidades específicas para atender essa população.
Quem usa droga fica sem dente: conclusão
Para finalizar, a relação entre o uso de drogas e a perda dentária apresenta-se como um problema de saúde pública significativo.
Estudos demonstram que apenas 23% dos usuários mantêm todos os dentes naturais, evidenciando a gravidade da situação.
Certamente, cada substância afeta a saúde bucal de maneira específica, desde a erosão do esmalte até problemas periodontais severos.
A prevenção da perda dentária exige uma abordagem abrangente, combinando cuidados diários básicos com acompanhamento odontológico regular.
Assim, mesmo que o usuário não consiga interromper imediatamente o consumo de substâncias, medidas preventivas podem reduzir significativamente os danos à saúde bucal, como uma boa escovação, uso de fio dental e acompanhamento odontológico.
Dessa forma, o acesso aos serviços odontológicos através do SUS e do Programa Brasil Sorridente podem ser uma oportunidade fundamental para preservação da saúde bucal.
Quanto mais cedo iniciar o tratamento e a prevenção, maiores as chances de evitar danos permanentes e manter uma dentição saudável.
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