Traumas e dependência química: qual a relação e como tratar? Descubra

Experiências traumáticas podem desencadear a dependência química? E o uso de drogas pode acarretar em traumas? Será que traumas e dependência química tem alguma relação?

A verdade é que apesar de serem coisas diferentes elas podem coexistir no mesmo indivíduo. Ou seja, uma pode levar a outra e vice-versa. 

Além do mais, estudos indicam que indivíduos que tiveram um trauma muito grave na infância, têm chances ainda maiores de consumirem drogas pesadas. E ao mesmo tempo, baixa capacidade de resiliência. 

O estudo avaliou 218 usuários de crack de 18 anos ou mais internados no Hospital Psiquiátrico São Pedro, em Porto Alegre.

Sendo assim, qual é o impacto do trauma na vida de uma pessoa? Por que há correlação entre traumas e dependência química? O quanto ambos podem ser limitantes? Como cuidar e tratar?

Se você quer respostas concretas sobre o assunto, você está no lugar certo! Continue a leitura e descubra tudo sobre os traumas e a sua relação com a dependência química, além de recursos terapêuticos valiosos.

Boa leitura????

O que é trauma?


Trauma é uma resposta emocional a um evento ou uma série de eventos extremamente perturbadores que superam a capacidade de uma pessoa de lidar, causando sentimentos de impotência.

Ao mesmo tempo reduzem sua capacidade de se sentir seguro, experimentar e controlar emoções e se conectar com outras pessoas.

Esses eventos podem incluir situações de abuso físico ou emocional, negligência, desastres naturais, acidentes, doenças graves, perda de entes queridos ou eventos violentos, como guerra ou terrorismo.

Leitura complementar: O que é dependência emocional e seus malefícios [GUIA]

Como um trauma pode surgir?

Um trauma pode surgir de qualquer situação que seja profundamente perturbadora ou ameaçadora. 

O que é considerado traumático pode variar de pessoa para pessoa, já que todos nós temos diferentes níveis de resistência e maneiras de processar eventos difíceis. 

No entanto, geralmente, traumas são desencadeados por eventos que são percebidos como chocantes, inesperados ou extremamente negativos.

Um bom exemplo de trauma é um em que uma criança que vive em um lar estável e seguro. Um dia, enquanto ela está na escola, ela é notificada que houve um incêndio na sua casa.

Felizmente, nenhum membro da família foi ferido, mas a casa foi destruída e todos os pertences foram perdidos. 

A criança é abruptamente retirada de um ambiente familiar e colocado em um local temporário, com pouca estabilidade ou previsibilidade.

Esse evento poderia facilmente ser traumático para a criança. O choque súbito do evento, a perda de um ambiente seguro, a interrupção da rotina diária, a insegurança sobre o futuro – todos esses fatores podem contribuir para uma resposta de trauma. 

A criança pode começar a ter pesadelos, dificuldade de concentração, irritabilidade e outros sintomas de trauma.

Nesse caso, é importante que a criança receba apoio emocional adequado, como aconselhamento ou terapia, para ajudar a processar o evento traumático e aprender a lidar com as emoções e medos resultantes.

Quanto um trauma pode limitar a pessoa?

Quanto um trauma pode limitar a pessoa

Um trauma pode afetar profundamente a vida de uma pessoa, limitando suas atividades diárias, habilidades de relacionamento, desempenho no trabalho ou na escola, e até mesmo sua saúde física e mental.

Podendo levar a condições como transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), depressão, ansiedade e outros problemas de saúde mental.

Além disso, pode causar medos e fobias específicas, dificuldade de concentração, problemas de sono e uma série de outros sintomas que podem limitar seriamente a capacidade de uma pessoa de viver uma vida plena e gratificante. 

É por isso que o reconhecimento e o tratamento do trauma são tão importantes.

O que é dependência química?

A dependência química, também conhecida como transtorno por uso de substâncias, é uma condição de saúde mental que envolve o uso compulsivo de uma ou mais substâncias, apesar dos danos causados à saúde física, mental, social e/ou ao funcionamento diário do indivíduo. 

Dessa forma, as substâncias podem incluir álcool, nicotina, medicamentos prescritos ou drogas ilícitas. 

A dependência é caracterizada por uma necessidade intensa e, muitas vezes, incontrolável pela substância, uma tolerância crescente e a ocorrência de sintomas de abstinência na ausência da substância.

Leia também: Quem usa droga fica impotente? Tudo o que você precisa saber

O quanto a dependência química pode limitar a vida de alguém?

A dependência química pode ter um impacto profundo e destrutivo na vida de uma pessoa. Pode levar a problemas de saúde graves, incluindo danos ao fígado, coração, cérebro e outros órgãos vitais. 

Pode afetar o desempenho no trabalho ou na escola, levar ao isolamento social, causar problemas financeiros e até mesmo resultar em comportamento criminal.

Além disso, a dependência química pode afetar os relacionamentos familiares e sociais, muitas vezes causando conflitos, desconfiança e rupturas. 

Os dependentes químicos também podem sofrer de problemas de saúde mental coexistentes, como depressão e ansiedade.

A dependência química também é caracterizada por um ciclo de abstinência e recaída, onde a pessoa tenta parar de usar a substância, mas retorna ao uso devido a intensos desejos e/ou para aliviar os sintomas de abstinência.

O mais lido do BLOG: Como saber se seu filho usa drogas? GUIA COMPLETO 

Traumas e dependência química, qual a relação?

Trauma e dependência química estão frequentemente interligados. Muitas pessoas que têm histórico de trauma, especialmente traumas na infância ou traumas repetidos ao longo da vida, são mais propensas a desenvolver dependência química.

Aqui estão algumas maneiras pelas quais essas duas questões podem estar relacionadas:

Automedicação

Muitas vezes, pessoas que passaram por experiências traumáticas usam substâncias como uma forma de lidar com a dor emocional, ansiedade, depressão, ou os sintomas do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). 

Além disso, o uso de drogas ou álcool pode fornecer um alívio temporário desses sintomas, mas com o tempo, isso pode levar ao desenvolvimento de dependência química.

Vulnerabilidade ao trauma

Pessoas que são dependentes químicas muitas vezes se encontram em situações de risco que aumentam a probabilidade de vivenciar traumas. Por exemplo, eles podem estar mais expostos à violência, acidentes ou outras situações perigosas devido ao seu uso de substâncias.

Consequências do desenvolvimento cerebral

Tanto o trauma como a dependência química podem ter efeitos significativos no cérebro. No caso do trauma, pode haver mudanças na área do cérebro responsável por regular as emoções e a resposta ao estresse. 

A dependência química, por sua vez, pode alterar o sistema de recompensa do cérebro, tornando mais difícil para a pessoa parar de usar a substância.

Transtornos coexistentes

Traumas e dependência química são ambos fatores de risco para uma série de outros problemas de saúde mental, incluindo depressão, ansiedade e transtornos alimentares.

Portanto, é comum que essas condições coexistam em indivíduos que têm histórico de trauma e uso de substâncias.

A dependência química pode levar a um trauma?

A dependência química pode levar a um trauma

Sim! A dependência química pode certamente levar a experiências traumáticas. Isso ocorre porque o uso crônico de substâncias muitas vezes coloca as pessoas em situações de risco, resultando em eventos traumáticos.

Além disso, a própria experiência de ser viciado e as repercussões físicas, psicológicas e sociais que vêm com isso podem ser traumáticas.

Um bom exemplo da relação dos traumas e dependência química é quando uma pessoa faz uso de drogas pode se envolver em comportamentos perigosos para obter a substância de que precisa, como se envolver em atividades criminosas.

Um possível cenário é que essa pessoa acaba sendo atacada ou ferida durante essas atividades, ou até mesmo presa. O que gera um evento traumático.

Além disso, muitas pessoas que são dependentes de substâncias vivenciam overdoses, que são experiências muito traumáticas tanto fisicamente quanto emocionalmente.

10 comportamentos que indicam que uma pessoa teve um trauma grave

Para entender mais sobre traumas e dependência química é importante descobrir alguns comportamentos que podem indicar que uma pessoa teve um trauma grave.

É importante notar que nem todas as pessoas que passaram por eventos traumáticos apresentarão todos ou alguns desses comportamentos, e a presença desses comportamentos não necessariamente indica trauma.

No entanto, aqui estão 10 comportamentos que podem indicar que uma pessoa teve um trauma grave:

Flashbacks e pesadelos

As pessoas que sofreram traumas podem reviver o evento traumático repetidas vezes, em seus pensamentos durante o dia ou em pesadelos à noite.

Evitação

Tentar evitar lugares, pessoas ou atividades que possam trazer lembranças do trauma. Pode haver também uma tendência em evitar pensar ou falar sobre o evento traumático.

Alterações de humor

A pessoa pode apresentar irritabilidade, raiva, tristeza, culpa ou vergonha de maneira intensa e frequentemente incontrolável.

Distúrbios do sono

Problemas para adormecer ou ficar dormindo, pesadelos frequentes ou sono inquieto.

Hiperatividade ou hipervigilância

Estar sempre em guarda, nervoso ou facilmente assustado.

Dificuldades de concentração e memória

Problemas para focar, manter a atenção, ou lembrar-se de informações importantes.

Isolamento social

Tendência a se afastar de amigos, familiares e atividades sociais, muitas vezes por sentir-se desconfortável ou fora de sincronia com os outros.

Comportamentos autodestrutivos ou imprudentes

Isso pode incluir abuso de substâncias, comportamento sexual de risco, dirigir de forma imprudente, automutilação, entre outros.

Mudanças no apetite ou peso

Isso pode envolver comer demais ou de menos, ganhar ou perder peso sem tentar.

Sintomas físicos

Dores de cabeça frequentes, dores musculares, problemas estomacais, ou outros sintomas físicos sem uma causa médica clara.

Tipos de tratamento: Convênio cobre internação de dependente químico? Guia completo!

7 dicas para o tratamento de traumas e dependência química

O tratamento de traumas e dependência química  geralmente envolve uma combinação de terapia psicológica e, em alguns casos, medicamentos. Aqui estão algumas abordagens-chave:

  1. Terapia cognitivo-comportamental (TCC)

Esta é uma forma comum de terapia que ajuda os indivíduos a identificar e mudar pensamentos e comportamentos prejudiciais.

  1. Terapia de processamento cognitivo (CPT)

Esta é uma forma específica de TCC que ajuda os indivíduos a entender e lidar com os pensamentos e sentimentos que surgem após um trauma.

  1. Terapia de exposição prolongada (PE)

Esta abordagem ajuda a reduzir o medo e a ansiedade ao lembrar gradualmente o indivíduo do trauma e mudar suas reações ao trauma.

  1. Terapia focada no trauma (TFT)

Este é um tipo de terapia que integra várias técnicas terapêuticas para ajudar a resolver os sintomas de traumas complexos e crônicos.

  1. EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares)

Uma técnica específica que ajuda a mudar a maneira como a pessoa responde às memórias de traumas.

  1. Medicamentos

Em alguns casos, medicamentos podem ser usados para tratar sintomas específicos relacionados ao trauma, como ansiedade ou depressão.

  1. Clínicas de recuperação

As clínicas de recuperação podem ser uma boa escolha quando o paciente não tem uma boa recuperação com os métodos anteriores. A internação pode salvar a vida do paciente e ao mesmo tempo tratar tanto os tramas quanto a dependência química

Gostou dessa matéria? Se você está buscando cuidados para o uso de drogas e ao mesmo tempo experiências traumáticas, saiba que podemos ajudar. Fale com um de nossos terapeutas agora mesmo e procure uma unidade mais perto de você.

AUTOR: Renan Rugolo Ré

AUTOR: Renan Rugolo Ré

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