O Brasil é rota do tráfico internacional de drogas? Por quê?

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Ocupamos a segunda posição no ranking mundial do mercado de drogas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, principalmente devido à sua proximidade com os principais países produtores, ou seja o Brasil é rota do tráfico internacional de drogas.

Só para você ter noção, em 2023, as autoridades brasileiras apreenderam um volume impressionante de 707 toneladas de drogas, representando um aumento de 14% em comparação com 2022.

Além disso, a infraestrutura superior dos portos e aeroportos brasileiros têm atraído cada vez mais a atenção de traficantes internacionais. 

Ao mesmo tempo, as principais rodovias do país, como a BR-277, BR-267 e BR-101, foram responsáveis pela apreensão de 182 toneladas de drogas no mesmo ano, o que evidencia a extensão das operações do crime organizado em território nacional. 

O Porto do Rio, por exemplo, movimentou mais de R$ 8 bilhões em mercadorias até outubro de 2023, tornando-se um ponto estratégico para o escoamento de drogas para Europa e África.

Bom, já vimos que os números são alarmantes e que isso traz diversas consequências negativas. Afinal, com tanta droga chegando aqui, quanto acaba ficando para o consumo interno? E como chegamos nesse patamar?

Bom, se essas são as suas dúvidas, saiba que você está no conteúdo certo! Fizemos uma pesquisa completa com toda a história de como o Brasil se tornou rota do tráfico internacional de drogas, consequências desse problema e como isso implica no nosso dia a dia.

Continue a leitura e descubra tudo!📒💊🗺️

Como o Brasil se tornou um hub do narcotráfico internacional

A extensão territorial brasileira e suas fronteiras com os principais produtores de cocaína da América do Sul estabeleceram o país como protagonista central no narcotráfico internacional.

A localização privilegiada, compartilhando limites com Colômbia, Peru, Bolívia e Venezuela, criou condições ideais para o estabelecimento de rotas estratégicas para o escoamento de drogas para novos mercados.

Localização estratégica entre países produtores

Como citamos, a primeiramente o Brasil possui uma posição geográfica que proporciona acesso direto às principais áreas produtoras de coca nos países andinos.

Além disso, a extensa costa marítima e as fronteiras amazônicas facilitam o trânsito de substâncias ilícitas. 

Dessa forma, as organizações criminosas aproveitam especialmente três rotas principais:

  • Rota Sul: origem no Paraguai, atravessando Paraná e Mato Grosso do Sul;
  • Rota Amazônica: partindo da tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia;
  • Rota Boliviana: iniciando no Mato Grosso, na fronteira com a Bolívia.

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Infraestrutura portuária avançada atrai criminosos

A infraestrutura portuária brasileira destaca-se como fator determinante para atrair organizações criminosas internacionais, facilitando ainda mais o tráfico

O Porto de Santos, maior do Hemisfério Sul, movimenta anualmente mais de 162,4 milhões de toneladas de cargas, enquanto o Porto do Rio registrou movimentação superior a R$ 46,39 bilhões até outubro de 2023.

A sofisticação dos portos brasileiros tornou-se um diferencial para as organizações criminosas, que preferem utilizar a infraestrutura nacional em detrimento de outros países sul-americanos.

Portanto, o Brasil transformou-se em um hub logístico essencial, conectando múltiplas rotas internacionais do tráfico.

No entanto, essa posição estratégica também apresenta desafios significativos. Os valores das drogas aumentam conforme se distanciam dos países produtores, e as organizações criminosas desenvolvem métodos cada vez mais sofisticados para burlar a fiscalização, incluindo o uso de mergulhadores profissionais e tecnologias avançadas.

Organizações criminosas estabelecem novas rotas

As principais organizações criminosas do Brasil estabeleceram domínio sobre rotas estratégicas do narcotráfico internacional, consolidando sua presença além das fronteiras nacionais. 

O Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) expandiram suas operações através de alianças sofisticadas com cartéis internacionais.

Comando Vermelho domina rota amazônica

O Comando Vermelho controla a rota que se estende por 5.786 quilômetros, conectando Tabatinga, na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, até o Rio de Janeiro.

Essa organização, estabeleceu uma base sólida após o enfraquecimento da Família do Norte (FDN), dominando atualmente a maior parte dos territórios de Manaus.

Além disso, o CV expandiu sua influência para 130 municípios da Amazônia, principalmente em áreas fronteiriças com Bolívia, Peru e Colômbia.

PCC Controla Fronteira com Paraguai

O PCC mantém domínio absoluto da ‘rota caipira’, que parte do Peru e da Bolívia, atravessa o Paraguai e termina no Brasil. 

A organização estabeleceu presença significativa no Mato Grosso do Sul, segundo estado mais ativo do grupo. 

Dessa forma, no Paraguai, a facção controla grande parte da produção de maconha e utiliza o país como base logística para o tráfico de cocaína proveniente da Bolívia, Peru e Colômbia.

Alianças entre facções ampliam alcance

Assim como empresas fazem alianças para dominar ainda mais o mercado, as organizações criminosas brasileiras desenvolveram parcerias estratégicas com grupos internacionais para ampliar seu alcance.

O PCC mantém conexões importantes na Ásia, Europa e América Latina, enquanto o CV estabeleceu alianças com grupos guerrilheiros sul-americanos, especialmente o Exército de Libertação Nacional (ELN) e dissidentes das FARC.

Dessa forma, as facções criminosas brasileiras conquistaram hegemonia através de confrontos armados e assumiram o controle de diversos territórios.

No entanto, recentemente, algumas lideranças das duas organizações articulam uma possível trégua, visando compartilhar rotas de tráfico e combater restrições do sistema penitenciário federal.

Portos brasileiros servem como porta de saída

Ao mesmo tempo que as facções se aliam para aumentar os mercados, os portos brasileiros transformaram-se em pontos estratégicos para o escoamento internacional de drogas, com volumes recordes de apreensões nos últimos anos. 

Entre 2021 e 2023, as autoridades apreenderam 109,2 toneladas de cocaína em portos e aeroportos do Brasil, foi um marco histórico.

Porto de santos lidera apreensões

O Porto de Santos, maior da América Latina, registrou movimentação recorde de 162,4 milhões de toneladas de cargas em 2022 [6].

Além disso, somente em 2023, as autoridades apreenderam 23 toneladas de cocaína neste terminal. 

Sendo assim, os traficantes utilizam métodos sofisticados, incluindo a contaminação de sea chest (caixa de mar) de navios e a modalidade de içamento, que envolve tripulantes das embarcações, segundo uma matéria do GOV.

Rio de Janeiro: Principal Rota para Europa

No Rio de Janeiro, os portos da região registraram um aumento significativo nas apreensões. Somente no Porto de Itaguaí, foram apreendidas mais de 2,5 toneladas de cocaína entre 2021 e outubro de 2023. 

Os criminosos utilizam cargas diversificadas para ocultar as drogas, incluindo:

  • Fardos de café;
  • Latas de tinta;
  • Minério;
  • Aves congeladas

Portanto, cerca de 80% dos carregamentos com rotas identificadas têm como destino a Europa.

No entanto, a África também emergiu como destino significativo, especialmente países como Senegal, Nigéria, Gana e Serra Leoa. 

As organizações criminosas aproveitam o grande volume de exportações legítimas, que no Porto do Rio alcançou R$ 46,39 bilhões até outubro de 2023.

Autoridades enfrentam desafios no combate

As autoridades brasileiras enfrentam desafios crescentes no combate ao narcotráfico internacional, com criminosos desenvolvendo métodos cada vez mais sofisticados para burlar a fiscalização.

Tecnologia Sofisticada dos Traficantes

Os traficantes utilizam métodos inovadores para ocultar drogas, incluindo:

  • Compartimentos falsos em veículos;
  • Tamancos modificados;
  • Tanques de combustível adaptados;
  • Envelopes de Sedex adulterados;
  • Caixas de presentes customizadas.

Além disso, as organizações criminosas empregam drones para entregar drogas em presídios federais, demonstrando sua capacidade de adaptação tecnológica.

Falta de recursos prejudica fiscalização

O Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) enfrenta sérias limitações orçamentárias. 

Das nove fases planejadas, apenas a primeira foi completamente implementada . Consequentemente, o sistema pode se tornar obsoleto antes mesmo de sua conclusão, prevista agora para 2035.

A extensão territorial brasileira, com aproximadamente 17 mil quilômetros de fronteiras, dificulta o controle efetivo [8]. No estado do Mato Grosso, por exemplo, a presença do governo federal é praticamente inexistente nos 700 quilômetros de fronteira com a Bolívia [22].

Corrupção facilita operações criminosas

A corrupção emerge como um dos principais facilitadores do tráfico internacional. Os lucros gerados pelos mercados ilícitos frequentemente ultrapassam os recursos financeiros das instituições públicas. 

Em Tabatinga (AM), por onde passam 70% das drogas que entram pela Amazônia, a falta de coordenação entre as polícias – Federal, Militar e Civil – e as Forças Armadas compromete o combate efetivo ao tráfico.

Portanto, as autoridades brasileiras necessitam de investimentos significativos em tecnologia e recursos humanos para enfrentar esses desafios. 

No entanto, o tráfico de drogas permanece um crime complexo, cujas investigações demandam tempo considerável e exigem abordagens multifacetadas.

Brasil é rota do tráfico de drogas: uma triste conclusão

Para finalizar, o Brasil consolidou sua posição como ponto crucial no tráfico internacional de drogas, evidenciado pelos números recordes de apreensões e pela sofisticação das operações criminosas. 

Portanto, a combinação entre localização estratégica, infraestrutura portuária avançada e fronteiras extensas criou condições ideais para organizações criminosas estabelecerem suas operações.

Certamente, o domínio de rotas específicas por facções como PCC e Comando Vermelho, aliado às parcerias internacionais, amplificou a complexidade do problema. 

Além disso, as autoridades brasileiras, consequentemente, enfrentam desafios significativos no combate ao narcotráfico, agravados pela falta de recursos adequados e limitações tecnológicas do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras e, logicamente, a corrupção.

Assim, o cenário atual demanda ações coordenadas entre diferentes órgãos de segurança, investimentos substanciais em tecnologia e fiscalização portuária, além do fortalecimento da cooperação internacional. 

A posição do Brasil como segundo maior mercado mundial de drogas exige medidas urgentes para conter o avanço das organizações criminosas e reduzir seu impacto na sociedade brasileira.

AUTOR: Renan Rugolo Ré

AUTOR: Renan Rugolo Ré

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