O tratamento para o transtorno afetivo bipolar é essencial, afetando milhões de pessoas ao redor do mundo e cerca de 8 milhões só no Brasil.
Esse transtorno mental causa oscilações significativas no humor, alternando entre períodos de euforia e depressão. Compreender e tratar essas mudanças é fundamental para melhorar a vida dos pacientes e prevenir complicações sérias. Mas, afinal, como é viver com essa condição?
Um bom exemplo é a história de Roque. Que durante anos lidou com a dependência química. Diagnosticado inicialmente apenas com problemas relacionados ao uso de cocaína, foi internado três vezes sem obter melhoras significativas.
A vida de Roque parecia estar em um ciclo contínuo de recaídas, até que um especialista decidiu olhar além.
Atualizando seu diagnóstico para transtorno bipolar do tipo I, tudo começou a fazer sentido.
Roque não estava apenas lutando contra a dependência; ele estava tentando gerenciar suas extremas variações de humor sem o suporte adequado.
Com um novo plano de tratamento focado no seu transtorno bipolar, ele começou a ver uma luz no fim do túnel.
Ficou curioso? Quer entender mais sobre o que é a doença, quais os sintomas, como é feito o diagnóstico e quais tratamentos estão disponíveis para o transtorno afetivo bipolar?
Então, continue a leitura e descubra tudo sobre este tema tão importante.
O que é transtorno afetivo bipolar?
O transtorno afetivo bipolar, comumente conhecido apenas como transtorno bipolar, é uma condição de saúde mental que causa mudanças significativas no humor, energia e níveis de atividade de uma pessoa.
Assim, pessoas com esse transtorno experimentam episódios alternados de humor elevado, conhecidos como mania ou hipomania, e episódios de depressão.
Durante a mania, podem sentir-se eufóricas, cheias de energia ou irritadas, enquanto nos períodos depressivos podem sentir-se tristes, desmotivadas ou desesperançosas.
No Brasil, segundo estimativas da Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB), cerca de 8 milhões de pessoas são afetadas pela doença.
Reconhecida como uma condição crônica, o transtorno bipolar figura entre as principais causas de incapacidade quando não gerenciado adequadamente.
Quais são os tipos de transtornos bipolares?
Os transtornos bipolares são geralmente classificados em três tipos principais:
Transtorno Bipolar I
Caracteriza-se por episódios maníacos que duram pelo menos uma semana ou são severos o suficiente para requerer hospitalização.
Também pode incluir episódios depressivos, mas a presença de mania é o principal indicador.
Transtorno Bipolar II
Envolve um padrão de episódios depressivos e episódios de hipomania, que são menos intensos que os maníacos e não levam à hospitalização.
Ciclotimia
É uma forma mais leve de transtorno bipolar, com flutuações de humor ao longo de pelo menos dois anos, incluindo períodos de hipomania e episódios depressivos menos graves que não atendem aos critérios completos para depressão maior.
CID para transtorno bipolar
- F31.1: episódio maníaco sem sintomas psicóticos;
- F31.2: episódio maníaco com sintomas psicóticos;
- F31.3: episódio depressivo leve ou moderado;
- F31.4: episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos;
- F31.5: episódio depressivo grave com sintomas psicóticos;
- F31.6: episódio misto;
- F31.7: remissão.
Como diagnosticar uma pessoa com transtorno afetivo bipolar?
O diagnóstico do transtorno afetivo bipolar, segundo o portal Drauzio Varella, é realizado através de uma avaliação clínica detalhada, que considera a história médica e os sintomas relatados pelo paciente ou por pessoas próximas a ele.
A identificação de episódios de mania ou hipomania é crucial para o diagnóstico, podendo ou não ser acompanhados por episódios depressivos.
Além do mais, é fundamental que um psiquiatra conduza o diagnóstico para diferenciar o transtorno bipolar de outras condições psiquiátricas e garantir um tratamento adequado, visto que um diagnóstico incorreto pode levar à exacerbação dos sintomas.
Sintomas do transtorno afetivo bipolar
Os sintomas do transtorno afetivo bipolar podem variar bastante, pois envolvem oscilações significativas de humor, que se manifestam em dois tipos principais de episódios: mania e depressão.
Durante um episódio de mania, a pessoa pode apresentar uma euforia desmedida, aumento de energia, diminuição da necessidade de sono, fala rápida, pensamentos acelerados e, em casos graves, delírios e alucinações.
Por outro lado, o episódio depressivo é marcado por profunda tristeza ou apatia, falta de energia, alterações no sono e no apetite, dificuldade de concentração e pensamentos recorrentes de morte ou suicídio.
Além disso, alguns indivíduos podem experimentar episódios mistos, onde características de mania e depressão ocorrem simultaneamente.
Estes ciclos de alta e baixa intensidade emocional podem afetar significativamente o dia a dia da pessoa, impactando suas relações sociais e desempenho profissional.
Pessoa com transtorno bipolar usa drogas?
Pessoas com transtorno afetivo bipolar têm uma prevalência mais alta de uso de substâncias em comparação com a população geral.
Isso é frequentemente visto como uma tentativa de automedicação para lidar com as flutuações extremas de humor e outros sintomas do transtorno.
Além disso, estudos indicam que entre 40% a 60% das pessoas com transtorno bipolar podem lutar contra o abuso de substâncias em algum momento de suas vidas.
As substâncias mais comuns incluem álcool e drogas ilícitas, mas também podem incluir o uso indevido de medicamentos prescritos.
É importante notar que o uso de substâncias pode complicar o curso do transtorno bipolar, dificultando o tratamento e a estabilidade emocional do indivíduo.
Por isso, o tratamento integrado que aborda tanto o transtorno bipolar quanto o uso de substâncias é crucial para melhorar os resultados de saúde para esses indivíduos.
Qual é o tratamento para transtorno afetivo bipolar?
O tratamento para o transtorno afetivo bipolar geralmente envolve uma combinação de medicamentos e terapia psicológica.
Os medicamentos mais comuns incluem estabilizadores de humor, como o lítio, e antipsicóticos, que ajudam a controlar os episódios de mania e prevenir a recorrência de episódios depressivos e maníacos.
Antidepressivos podem ser usados com cautela para tratar os sintomas depressivos, mas sempre sob rigorosa supervisão médica para evitar desencadear episódios de mania.
Como um psicólogo pode ajudar?
Além da medicação, terapias psicológicas, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), a terapia interpessoal e de ritmos sociais (IPSRT), e a psicoeducação são essenciais.
Essas terapias ajudam a pessoa a entender melhor a doença, gerenciar os sintomas diariamente e desenvolver estratégias para lidar com o estresse e regular o sono e a rotina, que são fundamentais para manter o equilíbrio emocional.
O suporte familiar também é crucial, pois a família pode ajudar no reconhecimento precoce dos sintomas e na aderência ao tratamento.
Em alguns casos, dependendo da gravidade dos episódios ou do risco de autoagressão ou suicídio, pode ser necessário o tratamento em ambiente hospitalar.
Um plano de tratamento eficaz é sempre personalizado, levando em consideração as necessidades específicas do paciente, e deve ser regularmente ajustado pelo médico conforme a resposta ao tratamento e a evolução dos sintomas.