Consumo de drogas no mundo aumenta em decorrência da COVID
Os impactos sociais devido à pandemia do novo coronavírus foram extremos, desde óbitos em massa, sistema de saúde comprometido, exposição da população a grupos vulneráveis e comprometimento da saúde mental, como por exemplo: o consumo de drogas no mundo aumenta em decorrência da COVID.
Sentimentos como ansiedade, medo, frustração, insegurança, raiva, desespero, culpa entre outros, foram os gatilhos necessários para que pessoas que estavam bem, fizessem das drogas uma solução para a sua vida. Assim, houve uma explosão no consumo de drogas no período da quarentena, porém, as mais consumidas foram o álcool, maconha, cocaína e crack.
Segundo a literatura de Tarso Araújo – O Almanaque das Drogas – a maior parte dos indivíduos que fizeram a utilização destas substâncias psicoativas, sequer sabiam dos riscos de se tornarem dependentes. No livro, a maconha e o álcool possuem taxas de dependência similares entre 10%. Contudo a cocaína tem em torno de 21% conforme os dados e estatísticas apresentados pelo jornal El País.
Quando a cocaína é fumada em forma de crack, o poder da atuação da droga gera tanto prazer, que o indivíduo que faz rotineiramente esse consumo não consegue se desprender da substância. Desta forma, em torno de 60% à 70% do consumo de uma pedra de crack chega ao sangue, contra apenas 25% a 80% da cocaína dependendo da sua pureza.
Mesmo que a cocaína permaneça por mais tempo no organismo, o crack é apaixonante, viciante e agonizante. A euforia provocada pelo seu consumo é extrema e o prazer liberado pelas regiões do cérebro são altas. Assim, a pessoa que começa a fazer um consumo rotineiro da substância, literalmente vive para usar.
Mas porque o consumo de drogas no mundo aumentou em decorrência da COVID? Se as drogas fazem tanto mal, por que usá-las?
Essas são perguntas frequentemente utilizadas nos mecanismos de pesquisa e a resposta é sempre a mesma: as drogas eliminam, em forma conforto momentâneo, os problemas da vida do indivíduo. Elas trazem prazer e esquecimento dos problemas, porém, ao longo do seu uso, a pessoa se acostuma com conforto imediato e esquece de encarar os problemas da vida, ficando escravo do vício.
COVID-19 foi o motor para que o consumo de substâncias psicoativas prevalecesse
No relatório da UNODC em Viena, cerca de 275 milhões de pessoas usaram narcóticos no último ano, enquanto destes, 36 milhões sofreram de transtornos associados ao seu uso. A COVID-19 foi o motor para que o consumo de substâncias psicoativas prevalecesse, em especial porque o percentual de indivíduos que perceberam que as drogas fazem mal diminuiu em 40%.
Com uma percepção menor sobre os riscos das substâncias, e com sentimentos negativos batendo à porta, usar drogas ou álcool para sanar desconforto é algo que muitos recorreram em 2020 e 2021. Em conjunto, a potência das drogas aumentou, já que os estudos apontam que o THC da cannabis vem apresentando crescimento desde a década de 60. Agora, com uma planta mais poderosa, o indivíduo sente a “vibe” com mais intensidade em comparação com pessoas que consumiram a maconha há 30 anos.
Além do mais, fatores como o crescimento da população mundial, a organização do tráfico de drogas, ingresso de jovens e adultos na dark web, e o enfraquecimento das atividades econômicas dos países, foram as brechas necessárias para que as drogas ilícitas fossem disseminadas no globo.
O consumo de drogas no mundo aumenta em decorrência da COVID é um aspecto, mas não o todo. A epidemia do coronavírus surpreendeu o mundo, e fez com que os países dessem prioridades para outras questões, deixando de lado a fiscalização de narcóticos. Com a saúde chegando ao caos, o narcotráfico no Brasil simplesmente explodiu. Por mais que tenha crescido o número das apreensões de cocaína, esse processo é apenas a ponta do iceberg, já que grande parte da droga fica no mercado interno para atender a demanda e a outra parte é escoada para outros países através dos portos brasileiros.
De 26/06/2019 à 16/06/2020 em torno de 317.828,25 toneladas de drogas foram apreendidas e incineradas no país. Contudo, entre 2020 e junho de 2021, esse número praticamente dobrou, em torno de 673 toneladas. No relatório apontado pelo portal Gov.br em torno de 52,3 milhões de cigarros foram apreendidos, 673 toneladas de drogas foram incineradas, 270 embarcações foram fiscalizadas e 3.220 veículos foram apreendidos.
Entretanto, como citamos, isso é apenas a ponta do iceberg. Já que para que o governo mobilize os recursos há uma burocracia e diversas petições e análises para direcionar e mobilizar os agentes para a fiscalização e apreensão de narcóticos. Com o tráfico, é diferente, já que têm suas próprias leis e condutas pautadas na violência e criminalidade. Com o crime organizado não há burocracia, pagamento de impostos ou papéis.
Baixar a demanda é um desafio
Agora que já sabemos que o consumo de drogas no mundo aumenta em decorrência da COVID e de outros fatores, contudo o novo coronavírus foi o motor para que a manutenção das substâncias psicoativas prevalecesse, então, baixar a demanda é um desafio do Sistema Único de Saúde brasileiro.
O ingresso de pessoas no mundo das drogas é consideravelmente maior em comparação com a disponibilidade de recursos terapêuticos gratuitos para todos. Caso não haja a elaboração de um plano sobre a Política Nacional Sobre Drogas de maneira imediata, a conta para o SUS será insustentável daqui alguns anos.
Tratar pacientes adoecidos pelas drogas e criar projetos de conscientização sobre substâncias psicoativas é o primeiro passo para baixar a demanda por drogas. Contudo, como um país deficitário em recursos educacionais vai fazer isso no curto, médio e longo prazo?
É uma questão que infelizmente não temos resposta, todavia o Brasil teve um “boom” na recuperação e reabilitação de pacientes alcoólicos e adictos em 2020 e 2021. No curto prazo, as medidas devem ser incisivas, dinâmicas e certeiras. Aumentar o percentual de indivíduos que permanecem sóbrios dentre 1 ano de recuperação é uma necessidade. O consumo de drogas no mundo aumenta em decorrência da COVID, assim como no Brasil, mas nós do Grupo Braços Abertos em parceria com o Ache Aqui Cínicas somos um exemplo de apoio para a família e para o paciente usuário.

