Antes de começarmos esse artigo adentrando no mundo do transtorno do estresse pós-traumático e terapia anti-dependência, temos que compreender mais a fundo certas questões que são pertinentes, para não confundir a mesma situação com comportamento adictivo.
Quando falamos de comportamento adictivo estamos falando de um conjunto de comportamentos, que desde a infância, surgem como um propósito básico. O de suprir uma gama de sensações desagradáveis e que fragilidades emocionais através de ações impulsivas, compulsivas e obsessivas.
Muitas pessoas acreditam que esse conjunto de comportamentos surge em detrimento de lares desestruturados como uma maneira do cérebro criar meios da pessoa não se machucar emocionalmente, mas que deixam a desejar quando a questão é enfrentamento. É como se o comportamento adictivo fosse uma fuga, o famoso “sair pela tangente” para ser mais específico.
Esse agrupamento de comportamentos, conforme são trazidos para a vida adulta, podem acarretar em diversos problemas, desde a formação de um adulto emocionalmente fragilizado, como em casos mais perigosos, o aliamento de substâncias psicoativas como fuga das fragilidades.
Para criar um rumo ao nosso artigo falando sobre a temática do transtorno de estresse pós-traumático e terapia anti-dependência vamos partir do pressuposto básico. Realizar uma explicação básica de ambos, cruzar as informações com a temática da dependência química e explicar que há uma relevância para essa temática tão importante. Além do mais porque o Grupo Braços Abertos está falando sobre esse assunto dentro do contexto da adicção.
Estresse pós-traumático
“Aproximadamente entre 15% e 20% das pessoas que, de alguma forma, estiveram envolvidas em casos de violência urbana, agressão física, abuso sexual, terrorismo, tortura, assalto, sequestro, acidentes, guerra, catástrofes naturais ou provocadas, desenvolvem esse tipo de transtorno. No entanto, a maioria só procura ajuda dois anos depois das primeiras crises.”
(Fonte: Drauzio Varella – Transtorno Estresse Pós- traumático – Site: <https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/transtorno-do-estresse-pos-traumatico/>)
O transtorno do estresse pós-traumático consiste em um conjunto de reações disfuncionais intensas caracterizado por um pico de ansiedade generalizada, com princípio básico em situações desconfortantes que emergiram à tona através de memórias traumáticas do passado.
Além do mais, esse tipo de transtorno pode causar um bloqueio na vida da pessoa. Onde viver de forma confortante fica bem difícil, justamente porque qualquer situação pode disparar um gatilho em que a pessoa recai no processo de vivência do trauma.
“Muitas pessoas são afetadas de maneira duradoura quando algo terrível acontece. Em algumas, os efeitos são tão persistentes e graves que são debilitantes e representam um transtorno. Via de regra, os eventos mais propensos a causar TEPT são aqueles que invocam sentimentos de medo, desamparo ou horror. Combate, agressão sexual e desastres naturais ou provocados pelo homem são causas comuns do TEPT. No entanto, ele pode ser causado por qualquer experiência avassaladora e possivelmente fatal, como violência física ou um acidente de automóvel.”
(Fonte: MSD Manuals – Por John W. Barnhill , MD, Weill Cornell Medical College and New York Presbyterian Hospital – Transtorno de Estresse pós-traumático (TEPT) – Site: <https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/ansiedade-e-transtornos-relacionados-ao-estresse/transtorno-de-estresse-p%C3%B3s-traum%C3%A1tico>)
Terapia Anti-dependência
A terapia anti-dependência é um conjunto de fatores e de sistemas de tratamentos que envolvem o dependente químico no processo de recuperação. Pode ser caracterizada por um conjunto de medicamentos administrados juntamente com psicoterapia, terapia ocupacional, exercícios físicos e outros.
Além do mais, existem outras drogas que estão sendo utilizadas para o tratamento da dependência química como a Ibogaína e que, apesar de não ser regulamentada e regularizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, estão classificadas como novos meios alternativos e “naturais” de tratamento na dependência que narcóticos.
Todos os elementos descritos anteriormente são ministrados dentro das clínicas de recuperação e hospitais psiquiátricos. Desta forma, as instituições são recursos terapêuticos de usuários de drogas e já realizam a terapia anti-dependência.
E o que o TEPT e a terapia anti-dependência tem haver?
Quando se fala de terapia, seja ela medicamentosa ou não, com o intuito de tratamento da TEPT e da anti-dependência, vale ressaltar que o princípio terapêutico é o mesmo. Acertar no ponto do disparo da ansiedade generalizada vivenciada tanto por indivíduos que são dependentes químicos – antes de buscarem entorpecentes – e para pessoas que sofrem de estresse pós-traumático.
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Pânico Generalizado e Pensamentos Repetitivos
Seja no comportamento adictivo dentro do âmbito da dependência química onde a vontade de consumir a substância é algo incontrolável, assemelha-se ao mesmo pânico vivenciado por situações de extrema dor, como no estresse pós-traumático.
Dessa maneira os pensamentos começam a se tornar repetitivos de uma maneira que a pessoa não consegue assimilar. O que faz com que, indivíduos que sofrem de estresse pós-traumático recorram ao uso de algumas substâncias, como o álcool, de maneira a equilibrar a sensação de desconforto. O que no entanto pode evoluir para um quadro de alcoolismo. E são nestas situações que mais uma comorbidade é agregada, a da dependência química.
Tratamentos
O tratamento do transtorno de estresse pós-traumático e a terapia anti-dependência, consistem na mesma variável. Criar um conjunto de terapias para entender os gatilhos emocionais e físicos que levam pessoas que sofrem de um dos dois, ou de ambos transtornos, recorrer a substância de maneira involuntária com o intuito de cessar situações que são extremamente desconfortáveis.
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Medicamentoso
“Os ISRS são amplamente utilizados nos transtornos de ansiedade, incluindo o TEPT, tendo sido avaliados em estudos abertos e controlados. É o grupo de medicamentos mais estudado em pacientes civis.”
Os antidepressivos parecem prover a mais efetiva farmacoterapia no TEPT, sendo a medicação de primeira escolha neste momento – embora anticonvulsivantes como a lamotrigina e mesmo neurolépticos atípicos deverão ser mais utilizados nos futuro. Infelizmente, existem poucas evidências sobre a magnitude de sua eficácia, ou seja, sobre a capacidade de levar a mudanças reais de qualidade de vida.
Portanto, a psicofarmacoterapia deve ser complementada por abordagens psicossociais. Desse modo, a relação entre a melhora dos sintomas e a melhora no funcionamento social, ocupacional e vocacional, além de fatores preditivos de prognóstico, precisam ser mais estudados.
(Fonte: Scielo.br – Tratamento farmacológico do transtorno de estresse pós-traumático – Márcio BernikI; Marcionilo LaranjeirasI; Fábio CorregiariI – Site: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462003000500011>)
Por fim, após o diagnóstico por especialistas na área da saúde como psiquiatras e o tratamento medicamentoso no início do recurso terapêutico é importante para ambos, tanto para quem é dependente químico quanto para quem sofre de estresse pós-traumático. Entretanto recorrer a outros meios de tratamento como a terapia cognitivo comportamental e, em casos mais graves, clínicas de recuperação é deveras importante para uma saúde mental mais efetiva.