Muitos se perguntam o porquê a dependência química acontece, entretanto é importante salientar que como um transtorno psiquiátrico, é necessário entender outros aspectos importantes e questões ligadas à questões comportamentais e que posteriormente acabam por reincidir na substância ou droga de escolha.
Como sempre falamos em nossos artigos aqui em nosso Blog do Grupo Braços Abertos a dependência química foi realmente caracterizada como doença mental em 2001 pela OMS depois de muitos estudos. Ela é um transtorno, de cunho mental, assim como a depressão, síndrome do pânico, TAG, TAB e borderline.
Entretanto, é necessário entender as questões pertinentes por trás do apego com a substância, afinal, ninguém escolhe abandonar tudo como família, amigos, filhos, casa, emprego e etc; em prol à próxima dose. É necessário entender o comportamento de uso e outras questões substanciais.
Existe uma questão que é muito discutida entre os psicólogos que é sobre o comportamento adictivo, que é um tipo de comportamento que é impulsivo, obsessivo e compulsivo. É aquele comportamento que “quando você vê, já foi”.
Então, ele é presente não só na dependência química, mas na farmacodependência, na ninfomania, vício em compras, vício na web e outros hábitos de compulsão como transtornos alimentares graves onde há obesidade e bulimia.
Comportamento adictivo veio antes ou depois da dependência química
Sabe aquela expressão de quem veio antes, o ovo ou a galinha? Então neste caso quando se estabelece um parâmetro sobre o questionamento do porque a dependência química acontece muitos se perguntam se o comportamento adictivo veio antes ou depois da dependência química e a resposta é simples, ele veio antes.
Inclusive o comportamento adictivo ele surge em determinadas fases da vida onde há abuso ou quando o indivíduo não sabe lidar com certos sentimentos, e dessa forma, age de determinada maneira com o intuito de evitar a aparição de certas sensações desagradáveis e desconfortáveis cujas vai ter que lidar. É uma fuga, assim como a dependência só que já no próprio comportamento.
Por exemplo, é comum que crianças que tenham dificuldades de lidar com certas sensações desagradáveis tenham um comportamento adictivo associado a transtornos alimentares, por isso se fala tanto em obesidade infantil atualmente. Além do mais, por entrar no ciclo do comportamento, ou seja por exemplo: Comer em demasia, engordar, sofrer bullying, comer mais e engordar mais. Fomenta ainda mais tal ciclo.
Existem outros exemplos, como na fase do descobrimento, na pré-adolescência e adolescência, onde o indivíduo está se descobrindo, uma fixação por masturbação, é um tipo de comportamento compulsivo e obsessivo atrelado a sexualidade e que posteriormente pode evoluir para um quadro de ninfomania.
Respondendo a questão se o comportamento adictivo veio antes ou depois da dependência química, então como já sabemos ele veio antes. Mas o que a droga tem haver com isso? Você já ouviu falar que sempre substituímos um vício ou prazer por outro?
Apego na substância é uma maneira mais potente de cessar as sensações desagradáveis do mundo
Você já ouviu falar que quando alguém pára de fumar normalmente essa pessoa engorda? Sabe o porquê? Porque quando alguém para de fumar ela começa sentir mais o paladar, e sente menos prazer, porque a nicotina, assim como a cocaína e a cafeína atuam na mesma parte do cérebro onde gera prazer.
Então se você sempre está estimulando com prazer o córtex pré-frontal do cérebro, mesmo que em pequenas quantidades como a nicotina no cigarro, você se sente saciado, então não come. Quando você tira o cigarro, o seu corpo pede outras formas de sentir prazer e muitas pessoas recorrem à comida para ter saciedade, especialmente os doces.
Com as drogas é a mesma coisa, ter apego na substância é uma maneira mais potente de cessar sensações desagradáveis do mundo. Trazer esse comportamento que sempre fica nessa ambivalência de ser saciado com coisas, gestos, ações, compras e comida; ter a droga é algo descomunal.
A sensação que a droga traz é reconfortante, é prazerosa, é inesquecível, é maravilhosa. Mesmo corroendo a pessoa, família, amigos, vida pessoal, parte financeira, sonhos e etc. Entretanto, cessar esse comportamento é o que justifica o porque a dependência química acontece.
O desconforto de conviver com essas sensações são tão grotescas que encontrar uma substância que traga esquecimento momentâneo, mesmo que traga imensos prejuízos, é uma escolha óbvia para pessoa, sendo assim o apego na substância é uma maneira mais potente de cessar as sensações desagradáveis do mundo, aliás que o mundo gera.
A dependência química é sorrateira, ardilosa e lenta
Outro aspecto interessante que vale ressaltar nesta matéria é que a dependência química é sorrateira, ardilosa e lenta. Ela se instala lentamente e para entendermos o apego à substância é uma maneira mais potente de cessar sensações desagradáveis do mundo mas, tirando o crack, não acontece de uma hora para outra.
Quando a pessoa usa a droga, mesmo que inicialmente ao experimentar, ela cria uma apego inicial. Então se prova, uma, duas, três, e assim por diante. Demoram em média semanas e meses para se desenvolver esse apego. Às vezes, demoram-se anos para que essa corrente droga-indivíduo se estabeleça por completo.
Todavia, do mesmo jeito que a doença é um processo que envolve comportamentos adictivos e hábitos comportamentais e de pensar, e como o processo da dependência química é sorrateira, ardilosa e lenta, isso também dificulta o processo de recuperação. Deixando o longo, demorando anos para fazer com que uma pessoa entenda como é reprogramar o cérebro.
Porque as clínicas de recuperação são necessárias neste contexto de drogadicção
Quando citamos o porquê a dependência química acontece, vale ressaltar que pessoas que criam um vínculo muito forte com as substâncias, não conseguem deixar de parar com o uso, e desta forma literalmente se abandonam. Sendo assim tem um porque as clínicas de recuperação são necessárias neste contexto de drogadição.
É complicado, mas é importante entender que dentro de uma clínica, o assistencialismo é total, ou seja. Cuida-se da mente e do corpo conjuntamente e ambos saem ganhando. Então é importante que se entenda a necessidade de orientação psicológica e assistencial dentro destes centros.