Quando se trata de ser uma pessoa que sofre da doença da adicção, por mais que seja decepcionante encarar essa realidade, esse artigo serve para você que é dependente químico e está entrando no centro de tratamento de dependências – o que você precisa saber? Aparentemente pode ser até chocante ouvir isso e se você está aqui pela primeira vez, saiba que somos direto ao ponto, sem taboos e com os devidos critérios para auxiliá-lo na questão do tratamento do transtorno do comportamento adictivo aliado ao consumo de substâncias psicoativas ou simplesmente, dependência química.
Entrar em uma instituição pode ser chocante, ainda mais se o procedimento é compulsório ou involuntário. Alguns levam com mais leveza por já estarem acostumados com o procedimento de internação, outros, mais novos – mesmo que voluntariamente – não sabem como portar diante do procedimento de internação. Sendo assim, Grupo Braços Abertos está aqui, literalmente com os braços abertos, para te acolher de maneira que não se sinta um “peixe fora d’água”. Já que está se necessitando desse procedimento de intervenção, direcionamos dicas importantes para que se tenha um tratamento suave e tranquilo sem intercorrências graves.
As Instituições
Quando falamos do procedimento de internação, temos que saber ou que o tipo de instituição conta de diferentes formas em relação a questão comportamental e do tratamento. Nem sempre as mesmas atitudes de alguém que está internado voluntariamente em uma CT – comunidade terapêutica – são exemplos para serem usados em instituições fechadas como hospitais psiquiátricos ou ainda mais se você estiver na ala de desintoxicação, onde existem muito mais regras que os demais locais.
Portanto, vamos diferenciar brevemente as instituições abaixo de uma maneira sucinta e simples, à partir do tratamento voluntariado aberto até o compulsório fechado. Sendo assim, entrando em um centro de tratamento de dependência – o que você precisa saber é que:
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Comunidade Terapêuticas Abertas (CT’s)
As comunidades terapêuticas abertas são instituições grandes e que ficam em locais mais isolados, lembram chácaras e fazendas. São locais muito acolhedores e na maioria dos casos auto-suficientes no quesito alimentação. Além do mais dentro dessas instituições existe uma equipe de apoio de médicos psiquiatras, equipe de enfermagem, nutricionistas, psicólogos, grupos de apoio como N.A (Narcóticos Anônimos), assistente social e monitoria voluntária ou não local*. -
Comunidades Terapêuticas Fechadas
As comunidades Terapêuticas fechadas são instituições de médio à grande porte e estão localizadas dentro ou fora da área urbana. São instituições que por sua vez acolhem pacientes que necessitam de internação involuntária, ou seja, suas delimitações são bem evidentes. Normalmente possui o mesmo mecanismo das abertas, contudo necessitam de um braço técnico mais estruturado, normalmente possuem equipe de enfermagem local com assistencialismo 7 dias por semana e convênio com equipe médica de emergência local. Além do mais existem dentro dessas instituições os famosos GAP’s (Grupo de Apoio) onde além de funcionários das instituições existem internos que estão ajudam no processo de intervenção e apoio nas intercorrências. -
Hospitais Psiquiátricos alas de Convívio Normal
Quando se fala de hospitais psiquiátricos, normalmente a questão dos normativos são evidentemente estruturados, pois são locais onde a questão segurança e tratamento estão muito mais alinhados que as comunidades terapêuticas. São instituições enormes e funciona 24hrs por dia 7 dias por semana incessavelmente. Desta maneiras estas instituições são delimitadas por alas, onde além de abrigar os pacientes os dividem por grupos de transtornos e tipo de tratamento. Quando um paciente é internado dentro destas instituições de maneira calma e voluntária, o paciente é encaminhado para o convívio juntamente com outros pacientes que já estão em tratamento. -
Hospitais Psiquiátricos alas de Setor de Intercorrência
Ser internado involuntariamente e compulsoriamente é algo muito difícil e doloroso. Tanto para a família quanto para o dependente químico, mas ir entrando em um centro de tratamento de dependências e cair no setor de intercorrências em um hospital psiquiátrico, aí é um procedimento mais complicado. Nesta ala das instituições psiquiátricas a questão segurança é o mais importante, então não adianta maquinar como sair, muito menos ficar na rebeldia. A questão mais importante é criar mecanismos de adesão ao tratamento. Esses locais tem muros altos, equipe de segurança bem estruturada, equipe de enfermagem e médica local. Que irão conscientizá-lo da importância do tratamento.
O Oposto do que Você Fazia
Para finalizar este artigo, reunimos 8 dicas valiosas para você que está entrando em um centro de tratamento de dependências precisa saber. Justamente porque a dependência química é só a cereja do bolo quando estamos falando de comportamentos que levam ao uso. Está-se acostumado a mentir, manipular, fazer da maneira mais fácil, conseguir benefícios, se gabar, falar mais de si mesmo, roubar, fugir de compromissos e responsabilidades, agredir verbalmente, criticar os demais, fazer intrigas e muitos outros aspectos negativos que fazem parte do comportamento adictivo aliado ao consumo obsessivo e compulsivo das substâncias. A questão de estar entrando em um centro de tratamento de dependências – o que você precisa saber?
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Saber que sua Família Te ama
Se você foi internado independentemente da voluntariedade do tratamento, saiba que sua família te ama. Ser dependente químico movimenta a estrutura familiar de maneira indescritível, sendo assim, dispor de recursos financeiros para tratar de você, longe de casa, não é para qualquer um -
Saber que você tem uma Doença
Você não foi escolhido por Deus para escolher trocar sua vida por uma substância. A doença da dependência química se instala aos poucos e você não escolheu ter isso, então aceite que é uma doença e que necessita de tratamento. -
Saber que se você não mudar, vai atrasar o tratamento
Quando se adentra em uma instituição você tem que entender que tem poder de escolha. Aderir ou não ao tratamento. Em instituições voluntárias, você pode sair. Mas em hospitais psiquiátricos, e em caso de internação involuntária, ter os mesmos comportamentos descritos acima, só vai aumentar o tempo de sua estadia lá. -
Saber que a doença é progressiva, incurável e fatal
Dói ouvir isso, mas é verdade. É fatal. A dependencia química pode levar a óbito de várias maneiras, sejam elas diretas como overdoses ou indiretamente como suicídio em decorrencia de depressão ou abstinência. Fora outras doenças que podem aparecer em decorrência da imprudência ou uso. -
Saber que você não é o único que é dependente
Não, você não é o único a desenvolver a doença e nem a ser internado. A doença do comportamento adictivo está tornando cada vez mais a vida das pessoas complicadas. Existe um aumento no número de pessoas que desenvolvem o transtorno, e as internações nunca foram tão necessárias à ponto de gerarem filas de esperas, nos últimos 3 anos; -
Saber que você é um privilegiado
Amaldiçoado não, privilegiado sim. São poucas as pessoas que possuem recursos para se institucionalizarem, já que o procedimento envolve muito dinheiro. Então, sinta-se privilegiado se você estiver dentro de uma instituição. -
Saber que você tem que se dar o respeito
Tem que se dar o respeito, aprender que agora como dependente químico tem-se limites impostos pela doença que pessoas normais não tem. Portanto, faça um exame de consciência e veja suas limitações, dê-se o respeito e continue em tratamento e consequentemente em recuperação. -
Saber que você tem que se amar
Se ame em primeiro lugar. Faça uma balança mental e veja tudo o que você perdeu por causa de uma substância, e comece a valorizar-se. Se ame primeiro e veja o quão bela é a sua essência. Se você tiver em dúvidas, fale com psicólogos que ele te mostrará o caminho.